Hipertensão: exercício ajuda a reduzir medicação
Prática regular de atividade física gera efeito protetor constante para quem tem pressão alta
Os benefícios do exercício já são amplamente conhecidos na prevenção de doenças cardiovasculares. Agora, a recomendação dos médicos é malhar para tratar a hipertensão.
“Na dose certa, as atividades físicas podem até reduzir o uso de medicamentos para controlar a hipertensão arterial”, afirmou o cardiologista Sandro Toledo Carvalho no 22º Congresso Brasileiro de Medicina do Exercício e Esporte, que termina hoje (7/8) em Curitiba (PR).
Foto: Getty Images
Exercícios têm efeitos imediatos e prolongados contra a hipertensão
Mas, se você tem hipertensão e pensa em sair correndo na rua ou em levantar pesos na academia sem qualquer orientação, saiba que isso pode colocar sua saúde em risco. Hipertensos devem ser avaliados individualmente por um médico especializado antes de iniciarem qualquer atividade física.
“A pressão arterial aumenta durante os exercícios”, alerta Carvalho. “É preciso auxílio de um especialista para prescrever a medida certa de treinamento”.
Efeito imediato
Os exercícios aeróbicos, aqueles que exigem mais fôlego para serem realizados, são os mais indicados ao paciente hipertenso. O ideal é fazer cerca de 30 minutos, pelo menos quatro vezes por semana. A intensidade da atividade é que vai variar de acordo com o quadro de cada um.
Ao fazer o exercício, o corpo sofre uma dilatação nos vasos sanguíneos dos músculos. “Um efeito que permanece por aproximadamente 24 horas”, conta o cardiologista.
Com a dilatação dos vasos sanguíneos a pressão sanguínea passa a ser menor e isso ajuda a controlar o quadro geral de hipertensão. Assim, a pessoa fica protegida das possíveis complicações da pressão alta, como infartos e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Efeito prolongado
Se o ritmo de treinamento for mantido por duas ou três semanas, a pessoa passará a ter uma proteção prolongada contra pressão alta. O benefício é causado pela modulação do sistema nervoso simpático, aquele que controla os batimentos cardíacos. O condicionamento físico faz com que os batimentos cardíacos reduzam e, consequentemente, a pressão arterial diminua. O efeito vasodilatador também é prolongado.
Outros benefícios
Além dos efeitos imediato e prolongado, o exercício traz ainda outros benefícios ao paciente hipertenso. Há redução de peso, redução dos níveis de colesterol ruim e os mecanismos de reposição de cálcio são beneficiados. O último fator é um aliado à prevenção de osteopenia e de osteoporose, uma condição muito comum em mulheres, especialmente após a menopausa. O exercício aeróbico tem um efeito metabólico, que dura 48 horas.
“Ele favorece o tratamento de pacientes com colesterol alto e diabetes”, afirma o cardiologista e presidente do congresso, José Kawazoe Lazzoli.
Subir escadas
Se é difícil conciliar a prática de atividades físicas com a rotina corrida das cidades, existem dicas que podem ajudar a reduzir o sedentarismo. Para ter uma redução significativa da mortalidade por fatores cardiovasculares, Lazzoli explica que é preciso queimar 2 mil kcal por semana em atividades físicas. “Isso equivale a 32 km percorridos por semana”, diz ele.
Tais atividades podem ser incorporadas de forma simples. “Vá andando até a padaria no início do dia ou volte a pé do trabalho no final da tarde”, sugere.
O sedentarismo está relacionado a doenças que matam 400 mil pessoas por ano nos Estados Unidos, segundo o cardiologista. “No Brasil, um estudo mostrou que 80% dos cânceres são evitáveis, sendo que 25% deles poderiam ser prevenidos com exercícios regulares”, argumenta.
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